Amor, amigos, educação, igualdade, sonhos e tolerância são as palavras escritas em corações de papel ao lado esquerdo da porta de entrada da sala de recursos multifuncionais. Elas revelam sentimentos e compromissos de professores da Escola Estadual Tancredo Neves, na zona Sul de Porto Velho, que acolhe alunos com síndrome de Dow, deficiência intelectual, e autistas. Na celebração do Dia Internacional da Síndrome de Down, 21, a direção da escola que vem sendo considerada referência na inclusão promoveu uma live, com título: “MunDOWN de Amor”, a fim de dar mais visibilidade ao assunto. A live homenageou alunos e ex-alunos especiais. Dona Marisa, mãe de Eduardo Miguel, 12 anos, e dona Glória, mãe de Paulo Henrique, 12, ambas moradoras do bairro Caladinho, agradeceram o cuidado com a rotina e do aprendizado deles. Os dois convivem entre 285 alunos matriculados no período da manhã.![](https://rondonia.ro.gov.br/wp-content/uploads/2022/03/Lidiane-Vic-Diretora-da-Escola-Trancredo-Neves-2-570x380.jpg)
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MÃES PERSEVERANTES
“Eu agradeço por vocês existirem em nossas vidas”, disse Marisa. Em comovente depoimento, ela lembrou ter conhecido mulheres que foram abandonadas pelos maridos tão logo estes descobriam que elas gerariam downs. “Eles perderam a grande oportunidade de verem seus filhos independentes, pois fazem diversas atividades, separam suas roupas, tomam banho, e se vestem sozinhos, numa vida normal”, destacou. A partir do nascimento de Eduardo ela começou a estudar a respeito do assunto, e lamenta que a sociedade ainda tenha preconceito. “Sentimos isso desde quando ele teve acompanhamento na (Sociedade) Pestalozzi, para onde eu ia todos os dias, e dentro da família por parte do avós”. Ressalvou que a equipe da Pestalozzi sempre cuidou bem do filho, suprindo suas necessidades nos primeiros anos de vida. Aquela entidade dispõe de médicos, psicólogos e demais profissionais, e quando não havia médico, encaminhavam Eduardo para a Policlínica Oswaldo Cruz. Mesmo não tendo sopro no coração, algo comum entre crianças com a síndrome, Eduardo foi diagnosticado, em 2018, com epifisiólise (ocorre por uma alteração nas camadas de crescimento ósseo da cabeça do fêmur) e recebeu dois pinos no quadril. Já Paulo Henrique teve diagnóstico de pneumonia e sua mãe Glória deu o máximo de seu esforço para mantê-lo na escola, onde foi chamada várias vezes. Aberta aos desafios, a escola ouve as famílias dos alunos nessas condições e consegue mantê-los em forte parceria “na dor e na alegria” e trata esse assunto sem melindres intramuros ou externamente. Por essa razão, a professora Lene Reis prefere denominar a data: “Dia Internacional das Pessoas com Síndrome de Down”. Ela e a vice-diretora Lidiane Silva manifestam gratidão ao Governo do Estado, pelo apoio direto à inclusão. Além da criação de salas multifuncionais, esse apoio possibilita a capacitação de outras direções e equipes para promover a inclusão.![](https://rondonia.ro.gov.br/wp-content/uploads/2022/03/Lidiane-Vic-Diretora-da-Escola-Trancredo-Neves-2-570x380.jpg)
Lidiane Silva: pessoas precisam conhecer para não excluir
“DÁ CERTO, SIM”
Acolhimento, como acontece a inclusão, e evolução do aprendizado estiveram em pauta. “Passamos uma mensagem muito positiva, mostrando que a inclusão dá certo sim, quando ela é bem trabalhada, com empatia e responsabilidade, sempre apoiada pela equipe gestora da escola”, assinalou Lene Reis. Segundo disse, vem recebendo apoio para sua formação: “Quando preciso me ausentar da escola para estudar percebo que a inclusão começa aí, com esse olhar da equipe gestora e a participação e aceitação dos professores, tornando importante o acolhimento da equipe pedagógica e possibilitando receber esses alunos com o coração aberto”.“CONHECER PARA INCLUIR”
O mesmo canal apresentará outra live em abril próximo, com a participação de professores de alunos autistas. No próximo dia 25, a professora Lene e a vice-diretora, Lidiane Silva farão intercâmbio de experiências e relatarão as delas à direção e aos professores da Escola Bela Vista, no bairro Conceição. “A realidade escolar precisa ser compartilhada”, elas propõem. O comprometimento e a certeza de que “o caminho é o conhecimento” move a escola, acredita o diretor Valnide Meireles. Entusiasmado com a concepção do projeto “Conhecer para incluir”, ele faz coro ao trabalho das professoras, cujo sentido é alcançado quando se conclui que um dos fatores que contribuem para exclusão é a falta de conhecimento das pessoas a respeito das deficiências. Meireles, Lidiane e Lene sabem atualmente que as pessoas têm capacidade para aprender, desde que disponham de estratégias e metodologias bem elaboradas. A Escola Tancredo Neves foi uma das primeiras da zona sul da Capital a obter apoio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para adaptar uma sala ao multiuso. Outra escola acolhedora nessa região é a Vicente Salazar.![](https://rondonia.ro.gov.br/wp-content/uploads/2022/03/Live-Mundown-Amor-1-570x380.jpg)
Sala multifuncional é frequentada duas vez por semana