EUA também destruíram sistema de defesa antimísseis que deteve foguetes disparados contra o aeroporto na segunda. País encerrou a guerra mais longa de sua história após quase 20 anos
O Exército americano destruiu aviões, blindados e o sistema de defesa antimísseis antes de deixar o aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, e encerrar na madrugada desta terça-feira (31) a guerra mais longa da história dos Estados Unidos.
Foram "inabilitados" 73 aviões, 70 veículos blindados resistentes a minas terrestres — que valem US$ 1 milhão cada um — e 27 Humvees, disse o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, órgão responsável pelas operações militares do país no Oriente Médio.
McKenzie afirmou que o último aparelho a ser inutilizado foi o sistema de defesa antimísseis, que na segunda-feira (30) deteve cinco foguetes disparados pelo Estado Islâmico contra o aeroporto. "Decidimos deixar esses sistemas funcionando até o último minuto".
O último soldado americano a deixar o país foi o major-general Christopher Donahue, segundo o Departamento de Defesa americana. Sua patente é equivalente à de general de brigada no Brasil.
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O major-general Christopher Donahue (à direita) conversa com soldados no aeroporto de Cabul, Afeganistão, em foto sem data — Foto: Reprodução/82ndABNDiv
O Talibã comandava o país desde 1996 e foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.
O Talibã foi expulso do poder com a invasão americana, mas voltou a comandar o Afeganistão no dia 15, antes mesmo do fim da ocupação, após o presidente Ashraf Ghani, fugir do país e o grupo extremista tomar a capital Cabul.
Após a retirada americana, talibãs tomaram o controle do aeroporto e comemoraram o fim da ocupação americana com tiros para o alto (veja no vídeo abaixo). "Parabéns ao Afeganistão. Esta vitória pertence a todos nós", afirmou o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid.
Mujahid afirmou que o Talibã deseja ter "boas relações com os EUA e com o mundo", mas fez um alerta: "A derrota dos EUA é uma grande lição para outros invasores e para nossas gerações futuras".
Fim tumultuado da ocupação
Os EUA mobilizaram 6 mil soldados para ocupar e manter o funcionamento do aeroporto desde a tomada de poder pelo grupo extremista, no dia 15, organizando voos de evacuação que retiraram mais de 120 mil pessoas do país, segundo o Pentágono.
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, disse em pronunciamento após o fim da operação que "um novo capítulo do envolvimento dos EUA com o Afeganistão começou". "Um [novo capítulo] em que vamos liderar com diplomacia".