Biden cogita estender prazo final para tropas americanas deixarem o Afeganistão

23/08/2021 23/08/2021 06:34 104 visualizações
Presidente mantém-se inflexível e alega que o caos seria inevitável na saída de país ocupado por duas décadas
O presidente Joe Biden tentou persuadir o público americano e seus aliados internacionais de que a retirada das tropas americanas do Afeganistão não foi precipitada e inevitavelmente resultaria nas cenas caóticas como as testemunhadas durante a semana no aeroporto de Cabul.

Prova disso é que o governo americano ativou no domingo a Frota Aérea da Reserva Civil, determinando que 18 voos comerciais ajudem na empreitada de realocar milhares de americanos e aliados afegãos e suas famílias. O presidente comemorou o fato de 28 mil pessoas terem sido retiradas do Afeganistão desde o dia 14 -- 11 mil em apenas 30 horas.

Mas ainda é cedo para assegurar que nenhum americano ou afegão vulnerável ficará para trás, como ele insiste em repetir. A realidade caótica em Cabul e a sensação de abandono de quem colaborou com os EUA nas últimas duas décadas contradizem qualquer garantia que Biden possa dar.

“Não há como evacuar tantas pessoas sem dor, perdas e sem as imagens de partir o coração a que assistimos na TV”, argumentou o presidente, para responder às críticas de que lhe faltou empatia com os milhares de afegãos na rota de fuga do país pelo aeroporto de Cabul.

Uma pesquisa divulgada no domingo pela rede CBS confirmou a avaliação negativa dos americanos à sua execução: 74% dos entrevistados desaprovam a forma como a retirada das tropas foi feita, seguida pela humilhante vitória do Talibã e pelo pesadelo retratado no aeroporto da capital.

Combalido pelos números, criticado por partidários e cobrado por aliados europeus, o presidente, no entanto, não se dá por vencido e mantém-se inflexível em sua decisão: passou da hora de sair de uma guerra “que perdeu o sentido” com a morte de Osama bin Laden, há mais de dez anos.