O presidente dos EUA,
Joe Biden, antecipou nesta 5ª feira (8.jul.2021) a retirada total das tropas norte-americanas do Afeganistão para 31 de agosto. O prazo anterior, anunciado em abril, ia até 11 de setembro. Biden defendeu que o objetivo da missão no território era desmantelar a
Al Qaeda e matar Osama bin Laden.
“Não fomos ao Afeganistão para construir uma nação. É direito e responsabilidade do povo afegão decidir seu futuro e como deseja governar seu país”, disse. Em
pronunciamento no Twitter, o democrata afirmou que nenhuma presença norte-americana é capaz de resolver os
“problemas intratáveis” do país.
“Não mandarei outra geração à guerra no Afeganistão sem nenhuma expectativa razoável de alcançar um resultado diferente”, declarou ao ser questionado sobre os avanços do Talibã. Ainda nesta 5ª feira, o grupo fundamentalista islâmico capturou uma importante rota na fronteira com o Irã, reportou a
Associated Press. Na semana passada, militantes trancaram as passagens para o Tadjiquistão e Uzbequistão. Agora cabe aos afegãos defenderem o país, apontou o presidente norte-americano.
“Não há mais nada que os EUA possam fazer depois de 2 décadas de guerra”, pontuou. Autoridades disseram à
CNN que mais de 90% da retirada já foi concluída. As últimas tropas já
deixaram a Base Aérea de Bagram, a mais importante no país, no dia 2 de julho. Soldados afegãos relataram que só souberam da partida no mesmo dia. Boa parte da base parecia ter sido abandonada há meses, disseram autoridades locais após visita.
ENTENDA O CONFLITO
Biden demonstra ceticismo à guerra afegã há anos e rejeitou a pressão dos líderes militares para manter as tropas no país. A retirada, porém, deve acentuar a crise política e humanitária em uma crescente
onda de violência ostentada pelo Talibã. Um acordo de paz entre o Talibã e os EUA, assinado por
Donald Trump em fevereiro de 2020, definiu que as tropas norte-americanas deveriam deixar o Afeganistão em 1° de abril. A medida que o prazo se aproximava, porém, células extremistas intensificaram ataques contra civis em uma tentativa de pressionar Cabul. O Talibã reivindica a implantação da lei sharia e o retorno ao poder do país –um ponto fora de questão ao governo democraticamente eleito de
Ashraf Ghani. Agora, o receio é que, sem o apoio militar dos EUA, o governo afegão entre em colapso.