O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que usou
“uma imagem infeliz” ao dizer que a China
“inventou” o coronavírus. Ele deu ambas as declarações nesta 3ª feira (27.abr.2021). Em entrevista coletiva durante a noite, Guedes afirmou que não teme repercussões negativas e que o ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, entrará em contato com a embaixada da China para
“tirar o mal entendido“. A informação, segundo ele, veio do presidente Jair Bolsonaro. Guedes afirmou, sem saber que estava sendo gravado:
“O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva que a do americano”. Na entrevista, tentou emendar a fala, ao dizer que o objetivo era “
enfatizar a importância no setor privado no combate a pandemia”. O ministro se justificou dizendo que a população chinesa já tinha sido exposta ao novo coronavírus, mas que vacinas com maior eficácia foram desenvolvidas fora do país. Ele atribuiu o sucesso à empresas com capacidade de pesquisa: “
Mesmo um vírus desconhecido, que veio de fora, eles conseguiram fazer uma vacina mais eficaz ainda do que a própria região de onde saiu o vírus”. A CoronaVac, vacina desenvolvida na china, tem
50,4% de eficácia. Já a vacina da Pfizer tem
94% de eficácia.
BRASIL X CHINA
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming,
ressaltou que a China fornece 95% das vacinas e insumos recebidos no Brasil até o momento. Ele não citou diretamente as declarações do ministro Paulo Guedes.

Reprodução/Twitter @WAnmingYang – 27.abr.2021
Guedes disse que o Brasil é muito grato a China pelo envio das vacinas.
“Eu mesmo tomei a CoronaVac, como é que eu vou falar mal da vacina?”, acrescentou o ministro.
TURBULÊNCIA NAS RELAÇÕES
A relação entre Brasil e China tem sido turbulenta no governo de Jair Bolsonaro. Filho do presidente, o deputado
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), atribuiu à China a
culpa pela pandemia. O vírus que causa a covid-19 foi detectado pela 1ª vez em território chinês. Yang Wanming protestou na ocasião. O ministro das Relações Internacionais do Brasil, Ernesto Araújo, disse que a reação do embaixador chinês era “
inaceitável“. O caso é de março de 2020.