O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio disse nesta 2ª feira (12.abr.2021) que o presidente Jair Bolsonaro alimenta a crise para desviar o foco dele próprio. O magistrado fez um comentário a respeito do áudio de uma conversa entre o presidente Jair Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO). “
O presidente da República nada a braçadas quando se tem crise. Ele fomenta a crise para desviar o foco ou então aparecer e apresentar ‘serviços’, entre aspas, à nação“, disse
em entrevista ao Uol. O decano ainda pontuou que foi um dos primeiros a se manifestar de forma favorável à decisão do ministro Roberto Barroso, que
determinou instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pandemia, para analisar omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia de covid-19. “
Ele apenas assentou que, pela Constituição Federal, o presidente do Senado não poderia engavetar o requerimento. Comissão Parlamentar é, acima de tudo, um instrumental da minoria, tanto que a Constituição prevê a Comissão para apurar fato determinado e requerimento de pelo menos um terço, não dois terços dos integrantes da Casa“, afirmou. Apesar de apoiar a decisão de Barroso, o ministro disse não ser favorável a um possível processo de impeachment que poderia ganhar força a partir da CPI. “
Não sou a favor de processo de impeachment de dirigente algum. A ordem natural não é essa. A ordem é a observância do mandato, a vontade da maioria dos eleitores“, disse o ministro que,
em 2016, argumentou que impeachment da então presidente Dilma Roussef (PT) poderia “
transparecer como golpe“. Na entrevista, Marco Aurélio disse ainda que, se com o seu voto precisar ir para o “
paredão“, irá.
Na conversa telefônica com Kajuru, Bolsonaro pressionou o senador a protocolar pedidos de impeachment contra ministros do STF. No diálogo, o presidente chamou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de “
bosta” e disse que teria de “
sair na porrada” com o parlamentar. Rodrigues é responsável pela ideia de instaurar a comissão. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), nesta 2ª feira (12.abr),
acionou o Conselho de Ética do Senado contra o colega Jorge Kajuru (Cidadania-GO), por ter gravado e divulgado conversa com o pai dele. Kajuru disse que avisou a Bolsonaro da gravação da conversa. Já o presidente alega não saber que estava sendo gravado.