Ginecologista suspeito de cometer crimes sexuais contra pacientes: veja o que se sabe sobre a investigação

04/10/2021 04/10/2021 06:44 107 visualizações
Médico está preso e deve responder várias acusações de violação sexual mediante fraude. Defesa do profissional nega que ele tenha cometido crimes e pediu anulação da prisão

O ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, é suspeito de abusar sexualmente de várias pacientes. Ele foi preso pela Polícia Civil no dia 29 de setembro em um dos consultórios em que fazia atendimentos em Anápolis, a 55 km de Goiânia.

Veja o que se sabe sobre o caso:

  • Quem é o ginecologista?
  • Quando foram feitas as primeiras denúncias em Goiás?
  • Quando e como ele foi preso?
  • O que diz a defesa dele?
  • O que diz o Cremego?
  • Quantas mulheres procuraram a Polícia Civil após o caso vir a público?
  • O que elas relataram em depoimento?
  • Por quais crimes o médico deve responder?

    Quem é o ginecologista?

    Nicodemos Júnior Estanislau Morais é um médico de 41 anos que tem registro como ginecologista e obstetra em Goiás, Distrito Federal, Pará e Paraná - todos ativos até consulta feita nesta segunda-feira (4).

    A inscrição mais antiga que ele tem em Conselhos Regionais de Medicina é de 2005, feita no DF. Em Goiás, o primeiro registro dele é de 2006, mas o vigente foi feito em 2015.

    No estado do Pará, a inscrição dele é de 2011, enquanto no Paraná ele tem registro desde 2017.

    Quando foram feitas as primeiras denúncias em Goiás?

    Segundo a Polícia Civil, a primeira denúncia foi feita por uma paciente em 15 de setembro de 2021, em Anápolis. Outras duas mulheres também procuraram a corporação.

    A delegada Isabella Joy, que recebeu o caso, avaliou que os depoimentos das mulheres indicavam crime de violação sexual mediante fraude, porque o médico estaria usando a profissão como pretexto para realizar atos libidinosos nas pacientes.

    Também apos o primeiro contato com a denúncia, a delegada encontrou um processo contra o médico no DF em que uma mulher o denunciou pelo mesmo crime, obteve a condenação, mas que o profissional não ficou preso por ser réu primário.

    Isabella encontrou ainda uma denúncia contra o médico, pelo mesmo crime, registrada na Polícia Civil do Paraná, mas que havia sido arquivada.

    Quando e como ele foi preso?

    Com base nas primeiras evidências, a delegada conseguiu mandados de prisão e busca e apreensão contra Nicodemos, que foram cumpridos em 29 de setembro de 2021.

    Imagens gravadas pela Polícia Civil mostram quando os policiais chegam ao consultório do médico para prendê-lo. O ginecologista está sentado à mesa quando é abordado.

    Assim que os policiais saem do consultório, avisam as mulheres que estavam em corredor do lado de fora da sala aguardando atendimento: “Vocês estão dispensadas. Ele foi preso por violação sexual mediante fraude”.

    O médico continuou detido após audiência de custódia realizada no dia 1º de outubro. O juiz que avaliou o caso determinou que ele ficasse em uma cela especial.

    O que diz a defesa dele?

    O advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins representa a defesa do ginecologista. Por meio de nota, ele disse que o cliente não cometeu os abusos.

    Segundo o texto, o profissional “em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”.

    No último dia 2 de outubro de 2021, o defensor informou que havia pedido a revogação da prisão preventiva do cliente e que, até então, não havia sido analisado pela Justiça.

    Leia íntegra da nota divulgada pela defesa:

    A Defesa do médico Dr. Nicodemos Júnior Estanislau Morais, informa que só teve acesso em algumas peças do inquérito policial em Delegacia, no momento da oitiva do médico, sendo que até o presente momento a defesa não teve acesso aos autos processuais na íntegra.

    Até onde a defesa teve acesso ao inquérito consta somente o simples exercício profissional do médico Dr. Nicodemos, especialista em ginecologia, o médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual.

    Importante frisar que dezenas de pacientes do Dr. Nicodemos ligaram para familiares do médico assustadas com o acontecimento e se prontificando em prestar depoimentos em favor do profissional. Em outras palavras a defesa não visualizou nenhuma irregularidade nos atendimentos do Dr. Nicodemos.

    No entanto, o Dr. Nicodemos recebe com tranquilidade qualquer ato investigatório sobre sua atuação como médico ginecologista, desde que os atos sejam feitos com imparcialidade e isenção de ânimos.

    O que diz o Cremego?

     

    O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou, quando soube das denúncias contra o profissional, que também investigaria o caso.

    Leia íntegra da nota divulgada pelo órgão:

    O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) tomou conhecimento de denúncias contra o médico ginecologista e obstetra Nicodemos Júnior Estanislau Morais (CRM/GO 12.053) após divulgações feitas hoje, 29 de setembro, pela Polícia Civil. O Cremego vai apurar o caso e a conduta do médico no exercício profissional.

    Quantas mulheres procuraram a Polícia Civil após o caso vir a público?

     

    Após o médico ser preso, a Polícia Civil divulgou o nome e a imagem dele, porque suspeitava que pudessem haver outras vítimas. Até o dia seguinte à prisão dele, a corporação havia recebido mais de 50 ligações de mulheres.

    Para atender todas as pacientes que se sentiram encorajadas e seguras para denunciar que também foram abusadas, a corporação criou uma força-tarefa.

    Até o dia 2 de outubro, a delegada Isabella Joy havia contabilizado 48 depoimentos formais que relatavam abusos sofridos por pacientes do ginecologista em Goiás.

    Uma mulher do Pará também procurou a corporação e deve registrar seu depoimento na Polícia Civil do estado, segundo a delegada.