A agência Reuters conseguiu acesso a um registro de bate-papo interno do Ministério da Saúde no WhatsApp contendo milhares de mensagens trocadas por funcionários graduados da pasta no ano passado, enquanto a corrida global por vacinas estava esquentando. As mensagens revelam que a equipe de Eduardo Pazuello priorizou a hidroxicloroquina e a cloroquina, drogas antimaláricas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro, como tratamentos para a Covid-19, embora sejam comprovadamente ineficazes. Em 12 de junho, poucos dias após ser nomeado secretário-executivo da Saúde, o segundo posto mais importante do ministério, Elcio Franco, coronel aposentado do Exército, alertou seus colegas para um artigo de revista que trazia o principal executivo brasileiro da AstraZeneca falando sobre o imunizante desenvolvido pela empresa. Franco estranhou que alguém pudesse se voluntariar a participar de um ensaio de vacina, principal aposta do governo na imunização dos brasileiros: "Quem quer ser cobaia?", escreveu ele a seus colegas. Ele ainda disse que "As taxas de mortalidade estão caindo drasticamente devido ao protocolo de tratamento de Bolsonaro". A reportagem ainda detalha as negociações da pasta com empresa anglo-sueca. A cúpula do Ministério da Saúde não parecia compreender a rapidez com que precisariam agir para garantir uma parte do fornecimento limitado da vacina da empresa.
