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VOLTA ÀS AULAS - Reabertura de escolas beira a irresponsabilidade, diz especialista

08/09/2020 08/09/2020 08:24 151 visualizações
Retorno no estado de São Paulo seria parcial, com 20% dos alunos. Profissionais, alunos e familiares vão estar em risco, afirma Cesar Callegari O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quer a reabertura de escolas estaduais a partir da próxima terça-feira (8). A volta seria parcial, com 20% dos alunos e para atividades como reforço escolar, acolhimento emocional e esportes. Neste caso, os professores não serão obrigados a voltar e aqueles que quiserem se arriscar, receberão um pagamento adicional. Apesar disso, educadores consideram a medida precipitada, já que o retorno às aulas traz grande possibilidade de contaminação pelo coronavírus. Em Manaus, por exemplo, o ensino médio voltou em 10 de agosto e, 15 dias depois, dos 1.060 professores que fizeram testes, 342 estavam infectados. O sociólogo e especialista em políticas educacionais, Cesar Callegari, afirma que a ideia de João Doria beira a irresponsabilidade. “Forçar que esses profissionais da educação voltem às atividades, oferecendo a eles uma espécie de bônus, no meu modo de entender, é uma espécie de chantagem. Muitos profissionais da educação se veem realmente numa situação muito complicada”, afirmou ao repórter Jô Miyagui, da TVT. Para os professores, não há condições estruturais para a reabertura de escolas. “Não existe vacina, não temos remédios. E a aglomeração de pessoas, nos ambientes escolares, é um fator de alto risco para aumentar a contaminação e os óbitos”, defende Paulo Neves, diretor estadual da Apeoesp.

Só em 2021

Além disso, a volta às aulas, mesmo com apenas um quinto dos alunos, pode contaminar até 46% dos professores e estudantes, após três meses de reabertura, segundo projeção de um estudo com simulação do contágio pelo novo coronavírus, realizado por pesquisadores de sete universidades de três países. Para o sindicato dos professores e o especialista em educação, a volta às aulas só deveria se dar em 2021. “Caso as vacinas testadas consigam demonstrar uma capacidade de imunização nos níveis estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Fora isso, é impossível. Nenhum esforço didático e pedagógico vale a pena, colocando a vida de pessoas em risco”, diz Paulo. Já Callegari afirma que é uma “temeridade” colocar a saúde de profissionais da educação, estudantes e familiares em risco. “No meu modo de entender, é injustificável, porque a vida é o principal valor e a saúde das pessoas é aquilo com que o Estado deve se preocupar.” Por causa do desastre econômico deste ano, haverá redução na arrecadação de impostos federais, estaduais e municipais, o que pode reduzir as verbas para a educação no ano que vem. “Vai ter que investir mais, com menos dinheiro. Isso exige uma responsabilidade grande do governo e dos parlamentares, para que não deixem as verbas da educação diminuírem. Caso contrário, pode comprometer muito mais o futuro de crianças e jovens e adultos, que dependem das escolas públicas”, finaliza Cesar.