Wassef diz que abrigou Queiroz porque queriam matá-lo para incriminar Bolsonaro

26/06/2020 26/06/2020 09:53 146 visualizações
O ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) Frederick Wassef afirmou que ofereceu abrigo a Fabrício Queiroz depois de receber informações de que o ex-assessor seria assassinado e o presidente Jair Bolsonaro poderia ser incriminado. “Passei a ter informações de que Fabrício Queiroz seria assassinado. O que estou falando aqui é absolutamente real. Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro. Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro”, disse em entrevista à revista Veja, publicada nesta 6ª feira (26.jun.2020). Segundo o advogado, do filho do presidente Jair Bolsonaro havia 1 “plano traçado” para o assassinato de Queiroz e esta seria parte de uma fraude, relacionado o caso ao depoimento do porteiro do condomínio do presidente para as investigações da morte da vereadora Marielle Franco (Psol). “Havia 1 plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação”, disse. “Algo parecido com o que tentaram fazer no caso Marielle, com aquela história do porteiro que mentiu”, afirmou. Antes de supostamente buscar evitar o possível assassinato de Queiroz, Wassef afirmou que inicialmente sua ajuda foi “por uma questão humanitária”. Disse ainda que havia oferecido abrigo em 3 de suas propriedades em São Paulo. “Eu sabia que ele precisava vir a São Paulo se tratar. Precisava ter um local para ficar. Ele não podia ficar em um hotel, em pousada ou nada do gênero. Então, por uma questão humanitária, eu fiz chegar ao conhecimento dele que podia ficar em uma de minhas propriedades. Ofereci 3 opções: a casa em Atibaia, uma em São Paulo e outra no litoral”, disse. “Eu fiz uma coisa, em princípio, 100% humanitária. Depois, descobri que ajudei a salvar a vida dele de outra maneira”, afirmou. Mesmo próximo a Bolsonaro durante o período, o advogado omitiu do presidente e de Flávio Bolsonaro a possibilidade de morte de Queiroz e sobre ter abrigado o ex-assessor do filho 01. “Meu objetivo foi tão somente conceder um espaço para que uma pessoa não viesse a morrer. Sempre houve um distanciamento entre nós”, disse ainda, ao negar também que tenha tido qualquer contato direto com Queiroz.

PRISÃO ARQUITETADA POR DORIA E WITZEL

Na entrevista, Wassef ainda afirmou que, para ele, a prisão de Queiroz foi uma forma de diminuir a repercussão da abertura do processo de impeachment do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Disse que o Ministério Público já sabia onde Fabrício Queiroz estava e que o dia da prisão, para ele, pareceu uma “curiosa coincidência”. “Os senhores lembram quando foi a busca e apreensão no Rio de Janeiro? Foi nessa busca, em dezembro, que as autoridades pegaram os telefones da mulher do Fabrício. Desde então, o Ministério Público já sabia que ele estava em Atibaia há muito tempo. Os senhores sabem o que aconteceu no dia da prisão do Fabrício Queiroz? Foi o início do processo de impeachment do governador do Rio de Janeiro. Uma curiosa coincidência. O que chega para mim é que essa operação hollywoodiana nada mais foi do que uma cortina de fumaça para desviar a atenção do impeachment do governador, com a participação especial”, disse. Indagado se sua fala seria uma suposição de que houve uma conspiração dos governadores Wilson Witzel e João Doria, de São Paulo, Wassef respondeu: “Não há dúvida e é público que ambos os governadores permanentemente confrontam o presidente Bolsonaro. Mas não vou entrar em detalhes aqui.” “Eu só estou dizendo que eu, enquanto advogado, me desculpem, pergunto: qual o objetivo de prender o Fabrício Queiroz? Ele estava ameaçando alguém?”, questionou. Queiroz foi preso em 18 de junho. É suspeito de atuar em esquema de “rachadinhas”, quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários. De acordo com as investigações,  ele teria coordenado a prática quando era assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, agora senador da República. Entenda o caso neste post do Poder360.