Covid-19: Três meses após primeira morte, Brasil supera 45 mil casos fatais

17/06/2020 17/06/2020 08:41 173 visualizações
País registra 1.282 vidas perdidas em 24 horas por covid-19 e, em novo recorde, contabiliza mais 34.918 diagnósticos da doença. Totalizando 923.189 infectados, país deve chegar a um milhão de casos até sexta
Três meses após confirmar a primeira morte pela covid-19 em território nacional, o Brasil contabilizou, ontem, 45.241 óbitos pela doença, mais de 10% do total mundial, ainda que o país concentre menos de 3% da população mundial. O Brasil também bateu, Nesta terça-feira (16/6), mais um recorde: 34.918 casos confirmados de segunda para terça, totalizando 923.189 brasileiros infectados. Mesmo diante dos explosivos registros diários de mortes e casos da doença, a negação da pandemia por parte do governo federal continua, juntamente com a falta de unidade entre os entes federativos. Em números absolutos, o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos em vidas perdidas para o novo coronavírus, com 116.788 mortes. Mas ao considerar o número por 100 mil habitantes, 14 países passam na frente do acumulado brasileiro. Enquanto a mortalidade nacional é de 21,5 perdas, no Reino Unido, por exemplo, são quase três vezes mais (62,9). Dentro do grupo de nações mais afetadas pela doença, a Itália tem índice de 56,88, seguida pelos Estados Unidos (35,49), Equador (23) e Canadá (22,2). Os dados fazem parte do levantamento da Universidade Johns Hopkins. Apesar da comparação mostrar que o enredo nacional não se enquadra no pior cenário, para especialistas, isso não quer dizer que a condução brasileira seja considerada um “bom exemplo”. “Há países que reagiram de maneira mais adequada e os (países) que não tiveram boa capacidade de organizar recursos para formar uma boa resposta. Neste último, se enquadra o Brasil”, afirma o médico sanitarista e professor da FGV Adriano Massuda. Ele justifica que, apesar de ter um Sistema de Saúde Único (SUS) com integração da rede pública e suplementar, além de tradição de programas que obtiveram sucesso em deter outras epidemias, as autoridades não souberam aproveitar as vantagens no combate à covid. “Um doente que não toma as medidas necessárias, não trata os sintomas com responsabilidade, tende a agravar o quadro clínico. E foi isso que aconteceu no caso do governo federal ao tentar minimizar a gravidade e perpetuar um discurso de negação”, aponta Massuda. O sanitarista pondera, no entanto, que houve sucesso em determinadas respostas, como nas ações de estados e municípios para conter a transmissão. A ampliação de leitos de UTI, com acréscimo de mais de 7 mil leitos adultos no período da pandemia, foi outra medida necessária para conseguir tratar os casos graves e conter o aumento desenfreado de óbitos. Para se ter uma ideia, um mês após a confirmação da primeira morte, em 16 de março, o Brasil registrava 1.933 perdas pela covid. O número cresceu mais de oito vezes no decorrer de mais de 30 dias, chegando a 15.633 óbitos; e, agora, bateu a marca das 45 mil vidas perdidas pela doença, triplicando as fatalidades. O salto também é percebido por semana epidemiológica. Enquanto na 13ª semana houve acréscimo de 96 mortes, na 16ª, as atualizações já ultrapassavam a casa dos mil; e na 23ª, somou o número recorde de 7.096 óbitos em sete dias. Justamente na semana de número 24, quando o governo federal tirou do ar o site do Ministério da Saúde com o acumulado de casos da pandemia e anunciou que iria mudar a modelagem da plataforma, ocorreu a primeira queda, registrando mais 6.790 vidas perdidas. Recorte Apesar de a região Sudeste, puxada por São Paulo e Rio de Janeiro, deter a maior quantidade de casos e mortes no país, é no Norte e no Nordeste onde estão os índices mais acentuados. Com mais de 184 mil confirmações e 8,1 mil fatalidades, a mortalidade no Norte está em 44,2 por 100 mil habitantes, proporcionalidade que ultrapassa os valores norte-americanos, por exemplo. A incidência é de 1001,3 por 100 mil pessoas. Já no Nordeste, a mortalidade está em 25,5 e a incidência em 570,9 (veja ao lado). Juntas, as duas regiões são as mais impactadas pela pandemia até o momento. Apesar disso, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a afirmar que ambas já passaram pelo pico. A maior preocupação da pasta, agora, é o crescimento da doença no Centro-Sul do país e a interiorização da covid-19. No entanto, as autoridades do ministério acreditam que o impacto deve ser menor.

Recorde de registros diários

Em novo recorde, o Brasil confirmou o maior número de casos da covid-19 de um dia para o outro. Foram mais 34.918 registros, ontem, totalizando 923.189 brasileiros infectados. Caso o país mantenha a média de diagnósticos diários, que atualmente é de 26.240, o Brasil passará a triste marca de um milhão de casos confirmados nesta sexta-feira. Com mais de 900 mil diagnósticos, o país supera o número de infectados na Índia, Espanha, Itália e China somados. Primeiro epicentro da doença, a China, cuja população é de 1,4 bilhão de habitantes, registra 84.378 casos. Espanha e Itália, contabilizam, respectivamente, 244.328 e 237.500. Com 1,36 bilhão de habitantes, a Índia tem 343.091 registros. Ao todo, os quatro países somam 909.297 casos, segundo dados da Johns Hopkins. São Paulo continua sendo o estado com o maior número de mortes. Com mais 365 perdas, tem 11.132 óbitos. De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, junto de São Paulo, outros oito estados já ultrapassaram a marca de mil mortes cada: Rio de Janeiro (7.967), Ceará (5.070), Pará (4.291), Pernambuco (3.959), Amazonas (2.549), Maranhão (1.537), Bahia (1.181) e Espírito Santo (1.131). Somadas, as unidades da federação registram 38.817 vidas perdidas, ou seja, 85,8% de todos os óbitos pelo vírus. (BL e MEC).