

O CASO
Na última 5ª feira (19.nov.2020), pouco antes de ser agredido e morto, Beto fazia compras com a mulher, Milena Borges, e se desentendeu com uma funcionária do supermercado Carrefour. Depois, ele teria falado algo e feito gestos para a fiscal da unidade, que chamou a segurança. Os seguranças Magno Braz Borges, de 30 anos, e Giovane Gaspar da Silva, de 24, que também é policial militar temporário, conduziram João Alberto até o estacionamento. No caminho, Beto desferiu 1 soco em 1 dos seguranças. Em seguida, começaram as agressões. Já no chão, Beto foi imobilizado pelos 2 por cerca de 3 minutos e 8 segundos. O policial manteve o joelho nas costas da vítima, enquanto o segurança segurava seu braço. Após Beto ficar inconsciente, uma ambulância foi chamada, mas ele já estava morto. O crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre. Uma análise preliminar do laudo de necropsia aponta a asfixia como provável causa da morte. Os agressores foram presos em flagrante na noite do crime. Na 3ª feira (24.nov.2020), a funcionária do Carrefour envolvida no caso, Adriana Alves Dutra, foi presa temporariamente. Segundo a delegada Vanessa Pitrez, diretora do Departamento de Homicídios, a polícia acredita que Adriana teve participação decisiva nas agressões sofridas por João Alberto, uma vez que ela tinha o poder de comando sobre os seguranças. Assista aos vídeos abaixo, que mostram o espancamento de João Alberto (atenção: as imagens a seguir podem ser perturbadoras. A visualização está disponível apenas para maiores de 18 anos, diretamente na plataforma do YouTube):Em outro vídeo, filmado por alguém que acompanhou a briga, o funcionário que imobilizava Beto disse: “Sem cena, tá? A gente te avisou da outra vez”. Ele se referia às reclamações de dor do homem, que gemia no chão enquanto era imobilizado (1min35s):A repercussão da morte de João Alberto tomou conta das redes sociais e provocou indignação em todo o país. Diversos protestos foram realizados. Autoridades e instituições manifestaram repúdio ao crime e ao racismo. O caso também repercutiu na mídia internacional. Em nota, o Carrefour lamentou a morte, informou que iniciou uma rigorosa apuração interna e que adotou providências para que os responsáveis sejam punidos legalmente. A rede de supermercados, que atribuiu a agressão a seguranças terceirizados, também chamou o ato de criminoso e anunciou o rompimento do contrato com a empresa que emprega esses funcionários. Além disso, o CEO do Grupo Carrefour no Brasil, Noel Prioux, se pronunciou em comunicado exibido na TV Globo, durante o intervalo do Jornal Nacional, e replicado posteriormente na internet. Ele pediu desculpa em nome da empresa e disse que o grupo vai combater o racismo. No domingo (22.nov.2020), a Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) cobrou “medidas imediatas e efetivas” do Carrefour. Em nota publicada nas redes sociais, a produtora de bebidas, líder em seu segmento, afirmou “não tolerar qualquer ato de racismo ou violência”. A companhia disse ainda estar comprometida a “ajudar a criar mudanças positivas” e a “trabalhar junto” com o Carrefour para “promover mudanças estruturais com urgência”. Saiba quem era João Alberto.HIGHLIGHTS DEMOGRÁFICOS
O levantamento PoderData mostra a percepção dos entrevistados por sexo, idade, escolaridade, região e renda. Os que mais consideram que a agressão e morte de João Alberto foi pelo fato de ele ser 1 homem negro são:- mulheres (68%);
- pessoas de 60 anos ou mais (60%);
- os que têm só o ensino fundamental (66%);
- moradores da região Sudeste (64%);
- e os que recebem mais de 10 salários mínimos (67%).
- homens (37%);
- pessoas de 45 a 59 anos (35%);
- os que têm ensino médio (32%) e superior (32%);
- moradores da região Centro-Oeste (38%);
- os que recebem de 5 a 10 salários mínimos (58%).

MORTE DE BETO X AVALIAÇÃO DE BOLSONARO
O presidente Jair Bolsonaro evitou comentar o caso de João Alberto. Na 6ª feira (20.nov.2020), por meio do Twitter, ele falou sobre o Dia da Consciência Negra: “Como homem e como presidente, sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe cor da pele melhor do que as outras”. Ao comentar sobre o episódio, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que não há racismo no Brasil e usou várias vezes a expressão “pessoas de cor” para se referir a negros. “Aqui não existe ódio racial. O que há é desigualdade”, declarou, antes de comparar o Brasil aos Estados Unidos: “Morei nos EUA, vi coisas que nunca tinha visto no Brasil”. Para verificar o que pensam sobre o caso os que têm percepções distintas sobre a avaliação do trabalho de Bolsonaro, o PoderData também fez 1 cruzamento dos dados. O levantamento indica que entre os que avaliam o desempenho do presidente como “ótimo” ou “bom”, 41% acham que João Alberto foi agredido e morto por ser negro e 44% acham que não. Já no grupo dos que desaprovam Bolsonaro, ou seja, o considera como “ruim” ou “péssimo”, 70% acham que houve uma motivação racista e 22% acham que não.
RACISMO NO BRASIL
Pesquisa PoderData, realizada de 9 a 11 de novembro, indica que 81% dos brasileiros dizem haver preconceito contra negros no Brasil. Para 13% da população, o racismo não existe no país. Outros 6% não souberam responder.

CASO JOÃO ALBERTO
Leia abaixo todas as reportagens produzidas pelo Poder360 sobre o caso do espancamento e morte de João Alberto:- Homem negro é espancado até a morte em supermercado Carrefour em Porto Alegre;
- Autoridades manifestam repúdio por morte de homem espancado no Carrefour;
- Loja do Carrefour em Brasília é palco de protesto depois de morte de Beto;
- MP-RS diz que buscará responsabilizar agressores de homem negro no Carrefour;
- Lojas do Carrefour já foram palco de outros casos de violência e racismo;
- Internautas promovem boicote ao Carrefour depois de morte de Beto;
- Mourão diz que “não existe racismo no Brasil” ao comentar morte de Beto;
- Delegada do caso Beto diz que morte não é investigada como ato de racismo;
- Assista aos vídeos da morte de João Alberto e as reações ao assassinato;
- Maia envia “sentimentos” a família de Beto e fala em combater racismo;
- Saiba quem era João Alberto, espancado até morrer em loja do Carrefour;
- Morte de Beto provoca onda de protestos antirracismo pelo Brasil;
- Perícia mostra que Beto foi asfixiado por seguranças;
- Loja modelo do Carrefour em São Paulo é destruída durante ato antirracismo;
- Carrefour promete ações conscientizadoras depois da morte de João Alberto;
- Mulher de João Alberto diz que foi empurrada ao tentar socorrê-lo;
- “Mais um corpo negro tombou”, diz Anistia Internacional;
- Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial desliga Carrefour por morte de João Alberto;
- Frase “Vidas Pretas Importam” é pintada na Avenida Paulista;
- Presidente global do Carrefour determina revisão em normas;
- Corpo de João Alberto é enterrado em Porto Alegre;
- Policiais são sócios de empresa responsável por morte de João Alberto;
- “Sinto-me de alma lavada”, diz pai de João Alberto;
- Eduardo Bolsonaro sobre caso João Alberto: “Conseguiram seu George Floyd”;
- Lewis Hamilton se manifesta sobre morte de João Alberto: “Devastado”;
- CEO do Carrefour no Brasil pede desculpas em comunicado na TV;
- Veja imagens do início do confronto entre João Alberto e seguranças;
- ONU diz que assassinato de João Alberto evidencia racismo no Brasil;
- Defesa de segurança do Carrefour nega racismo e intenção de matar João Alberto;
- Ambev diz não tolerar racismo e cobra ações “imediatas” do Carrefour;
- Carrefour reabre loja onde João Alberto foi morto, em Porto Alegre;
- Advogada é presa por injúria racial, lesão corporal e homofobia; assista;
- Assista ao vídeo completo do espancamento de João Alberto no Carrefour;
- Assista aos vídeos disponíveis que mostram João Alberto sendo espancado e morto;
- Editora suspende distribuição de livro em que CEO do Carrefour fala de racismo;
- Carrefour anuncia fundo de R$ 25 milhões para combater racismo;
- Morte de João Alberto é “ato deplorável”, diz Michelle Bachelet;
- Funcionária do Carrefour suspeita de envolvimento em morte é presa no RS;
- Imprensa francesa destaca violência contra negros e críticas ao Carrefour no Brasil;
- Lojas do Carrefour estarão fechadas na 5ª feira até às 14h;
- Morte no Carrefour: Defensoria Pública do RS pede indenização de R$ 200 milhões.
PODERDATA
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