Instituto de DNA Criminal de Rondônia forma acervo e avança para fazer parte do Banco Nacional

20/03/2018 20/03/2018 11:39 329 visualizações
Nove alunos do curso perito criminal e três do curso de agente de criminalística deixaram voluntariamente, há uma semana, material biológico pessoal no Instituto de DNA Criminal de Rondônia (IDNAC). Mais que um gesto simbólico, a contribuição é mais um passo para ampliar a eficácia do órgão, que aguarda inclusão na Rede Integrada de Bancos de Perfil Genético, o Banco Nacional de DNA Criminal. E fazer parte do Banco Nacional de DNA significa poder compartilhar dados de todo o país, ter acesso a informações fundamentais para fazer justiça. Falta pouco para que o IDNA seja incluído na Rede Integrada de Perfil Genético. “Aguardamos o resultado de uma avaliação de controle de qualidade, que deve ser anunciada ainda no primeiro semestre deste ano”, explica o perito criminal Adaylton Fortunato Figueiredo, o diretor geral do IDNAC. [caption id="attachment_2942" align="alignnone" width="1025"]Jamímia e Adaylton: compromisso com o combate à impunibilidade[/caption] A avaliação foi feita pela Academia Iberoamericana de Criminalística e Estudos Forenses da Universidade de Granada, Espanha. A coleta de material biológico (sangue e amostra de mucosa oral) dos futuros peritos criminais e agentes de criminalística servirá para constituir um arquivo que será confrontado nas ações futuras de perícia. Como são voluntários, cada um firmou termo de cedência do material. Se, por acidente, algum perito deixar amostra de sangue ou suor, por exemplo, o material não será confundido com o do suspeito e será eliminado das investigações. O diretor geral do instituto explica que foi professor dos alunos que doaram material genético. Na academia, ele a colega Jemímia Valéria Santos Barbosa, transmitiram informações sobre como utilizar os equipamentos de proteção individual para evitar contaminação nos locais de crimes. Futuramente, todos os peritos criminais que atuam em locais de crimes também deixarão material biológico no IDNAC. O material é tido como amostra de referência e não faz parte do banco de DNA. REFORÇO Nos próximos meses, o instituto receberá mais dois peritos criminais que se juntarão aos outros dois já existentes no quadro, número mínimo para que o órgão faça parte do Banco Nacional de DNA. O banco de DNA é composto por amostras colhidas nos locais dos crimes e, por determinação legal, de suspeitos de crimes. Mas, ainda em 2018, vai incorporar material genético de todos os apenados do sistema prisional da capital. Neste caso, o material poderá ser confrontado nas ocorrências em que o suspeito estiver em liberdade por indulto, cumprindo pena no regime semiaberto ou for egresso do sistema prisional. Também compõe o acervo do banco o material coletado de restos mortais de vítimas de crime e de seus familiares. Suspeitos de crimes, por determinação do delegado que preside o inquérito, podem ceder ou não, material biológico para confrontação. Entretanto, a coleta não pode ser invasiva, ou seja, não pode incluir, por exemplo, coleta de sangue. JUSTIÇA Adaylton e Jamímia são farmacêuticos bioquímicos por formação e, como peritos criminais, compartilham entusiasmo com a possibilidade contribuir para que a justiça seja feita. “Sabemos que é uma área que exige estudo continuo que a cada dia vamos nos encontrar novos acontecimentos, novos desafios”, diz Jamília. A profissão exige que os peritos encontrem amostras que possam levar à autoria do crime. Jamímia observa que ao profissional compete “enxergar o que o que o homem mediano não enxerga”, o que significa encontrar vestígios que são invisíveis ao olhar comum. “É assim que contribuímos para fazer justiça, para evitar que inocentes sejam culpados”, conclui orgulhosa. A Superintendência de Polícia Técnico-Científica (Politec), que abriga o IDNAC em sua estrutura, será reforçada com nove profissionais das áreas de contabilidade, química, geologia, engenharia florestal, engenharia civil e engenharia de computação. São alunos estão na fase final do curso preparatório na Academia de Polícia Civil, em Porto Velho. O reforço no quadro é comemorado pelo superintendente Sandro Micheletti É a tecnologia que fará com que a polícia técnico-científica apresente mais avanços futuramente. Além de equipamentos de ponta que foram adquiridos nos últimos quatro anos, especialistas da Politec produzem programas inovadores que servirão como referência no país. MULTIBIOMÉTRICO O mais significativo em andamento, conforme Micheletti, é o Sistema Multibiométrico, que vai utilizar dados de voz, grafia, identificação facial, impressão digital e DNA num mesmo banco e que poderá ser acessado através da um aplicativo no telefone celular. Uma vez disponível, facilitará aos policiais que atuam em abordagens para que confiram com rapidez eventuais autores de crimes. O sistema, segundo o superintendente da Politec, está sendo desenvolvido por dois peritos criminais e tem como base a coordenadoria regional de Vilhena. Para ser completo, o bando de dados necessita da parceria com outros órgãos públicos. “São caminhos buscados para reduzir a impunibilidade”, explica Micheletti.